terça-feira, 4 de setembro de 2007

A COMPETÊNCIA LINGÜÍSTICO-COMUNICATIVA DO ALUNO DE LÍNGUA INGLESA

Vários estudiosos têm se voltado para a questão da competência lingüístico-comunicativa no ensino de LE. Conforme argumenta Berns (1990:79) apud Alvarenga (1999:64), a discussão sobre competência comunicativa trouxe uma nova orientação pedagógica que considera que o foco isolado nas estruturas gramaticais não prepara o aluno para usar a LE em eventos comunicativos.

Savignon (1991) apud Alvarenga (1999:65) entende a competência comunicativa como um conceito dinâmico, dependente da negociação entre duas ou mais pessoas. A autora considera que “o ensino de uma LE deve ocorrer em contextos significativos para o aluno, onde ele possa desenvolver a competência na língua, escrita ou falada, ainda que, inicialmente de modo bastante restrito”.

Sagvinon (1983:303) conceitua competência comunicativa como:
Proficiência funcional da língua; a expressão, interpretação e negociação de significados envolvendo interação entre duas ou mais pessoas que pertencem (ou não) à mesma comunidade (comunidades) lingüística, ou entre uma pessoa e um texto oral ou escrito. (nossa tradução)

A competência lingüístico-comunicativa interage com outras competências (componentes da competência lingüístico-comunicativa) são elas: a competência sociolingüística, competência discursiva, competência estratégica e competência gramatical.

A Competência Sociolingüística

Shumin (2002) argumenta que possuir conhecimento da língua por si só não garante ao aluno o uso efetivo da L-Alvo. Aprendizes precisam desenvolver a competência que envolve saber o que é esperado socialmente e culturalmente pelos falantes de uma LE. O falante precisa adquirir as regras e normas que governam o tom apropriado da realização dos atos da fala. Compreender os aspectos sociolingüísticos ajuda o falante, a saber, que comentários são adequados, como fazer perguntas durante a interação, e como responder não verbalmente de acordo com o propósito da conversa.”

A Competência Discursiva

“Falantes eficazes devem adquirir um vasto repertório de estruturas e partes de discurso para expressar idéias, mostrar relacionamento de tempo e indicar causa, contraste e ênfase”. (Shumin apud Scarcela e Oxford, 2002)

A Competência Estratégica

Shumin apud Brown (1994:228) define competência estratégica como “a maneira com que os aprendizes manipulam a língua para alcançar propósitos comunicativos”. Shumin considera a competência estratégica como um dos elementos mais importantes da competência comunicativa. A competência estratégica nada mais é do que a habilidade de compensar um conhecimento imperfeito de regras lingüísticas, sociolingüística e discursiva (Berns, 1990). Em relação à fala, a competência estratégica se refere à habilidade de saber quando e como manter uma conversa, como encerrar uma conversa, como esclarecer a quebra de comunicação e problemas de compreensão.

Competência Gramatical

Para transmitir significados em uma LE os aprendizes precisam ter conhecimento de palavras e sentenças, ou seja, saber como as palavras são segmentadas em vários sons e como as sentenças são acentuadas de maneira particular. Dessa forma, a competência gramatical capacita o aprendiz a entender e usar a estrutura da língua inglesa de maneira precisa e sem hesitação, a qual contribui para a sua fluência (Brown 1994:228).

Fonte:Bezerra, Michelle Falcão. A Competência Linguistico-comunicativa do Aluno de Língua Inglesa. Trabalho de conclusão de curso(graduação) FTB, Brasília, 2004.

INTERAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA

Vários estudiosos (entre eles Rivers, Brown e Seliger) discutem a importância da interação no processo de ensino-aprendizagem de línguas. Parece consensual que a interação exerce um papel determinante no desenvolvimento da competência lingüístico-comunicativa, principalmente no que se refere à habilidade da fala. Brown define interação da seguinte forma: “Interação é a troca colaborativa de pensamento, sentimentos ou idéias entre duas ou mais pessoas resultando em um efeito recíproco um no outro”. Brown (1994:159) (tradução nossa)


Em situações interativas o aluno tem a oportunidade de usar a língua de maneira significativa, ou seja, com um propósito comunicativo. Rivers apud Brown (1994:159) argumenta que a sala de línguas deveria ser interativa desde o princípio. A autora concebe a interação da seguinte forma: “Através da interação, alunos podem aumentar seu estoque na língua à medida que ouvem ou lêem materiais lingüísticos autênticos, ou até mesmo o estímulo do colega aluno em uma discussão, tarefa de resolução de problemas ou diálogos. Na interação, alunos podem usar tudo o que eles possuem da língua, tudo o que eles aprenderam ou absorveram eles aprendem ou observam casualmente tudo o que eles aprenderam em trocas da vida real... Até em um estágio primário eles aprendem desta maneira a explorar a elasticidade da língua”. (Rivers 1987:4-5) (tradução nossa)


Brown (1994:159) argumenta que a interação humana é mais bem atingida quando o foco está na mensagem e no significado e não nas estruturas gramaticais. Quando isto acontece, os aprendizes partem para um modo mais automático de processar a língua.


De acordo com Brown (id. ibid) a interação envolve a tomada de riscos por parte dos aprendizes, ou seja, há possibilidades de se falhar em produzir o significado pretendido, de falhar em interpretar o significado pretendido (pela outra pessoa) e de ser julgado pelas pessoas envolvidas no ato comunicativo por eventuais erros.


É imprescindível que o professor conscientize os alunos de que os “erros” na produção e compreensão fazem parte do processo de aprendizagem de uma LE explicando que os resultados valem a tomada de riscos.

Fonte:Bezerra, Michelle Falcão. A Competência Linguistico-comunicativa do Aluno de Língua Inglesa. Trabalho de conclusão de curso(graduação) FTB, Brasília, 2004.

domingo, 2 de setembro de 2007

A CONFIGURAÇÃO DOS FILTROS AFETIVOS NA APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA

Krashen (1985:3) afirma que para aprender uma nova língua o aprendiz precisa estar ‘aberto’ para o estímulo. O autor (id, ibid) reconhece uma força potencial que atua em sala de aula impedindo o aluno de adquirir um novo conhecimento de uma L-alvo.

Krashen (id, ibid) define filtro afetivo como:
(...) um bloqueio mental que impede que os aprendizes utilizem completamente o estímulo compreensivo que eles receberam para a aprendizagem (no original aquisição) da língua. (Krashen, 1985:3). (nossa tradução)

Krashen (id, ibid) argumenta que quando o filtro está alto o aprendiz pode até compreender o que lê ou ouve, mas o estímulo não irá atingir o dispositivo de aquisição5 da língua , ou seja, o novo conhecimento não será aprendido. O filtro afetivo do aluno também pode estar alto quando o aluno considera a sala de aula como o lugar em que suas fraquezas e deficiências são reveladas.

Quando o filtro afetivo está alto a principal habilidade afetada é a fala, posto que há uma grande exposição do aprendiz e há também um alto risco de se cometer erros, o que poder levar o aluno a evitar tais situações.

Krashen (id, ibid) afirma que filtro afetivo está baixo quando o aprendiz não se preocupa com a possibilidade de falhar e quando ele se considera como um membro potencial do grupo falante da língua alvo.

De acordo Krashen (1985:103) existe ainda um outro filtro chamado de filtro de performance (“output filter”) que atua impedindo o aprendiz de exercer uma competência previamente adquirida.

Para amenizar os efeitos dos filtros, tanto o afetivo quanto o de performance, é necessário que o professor busque conhecer o que está causando o bloqueio de seus alunos a fim de diminuí-lo, potencializando assim, o desenvolvimento pleno da competência linguístico-comunicativa do aluno em língua inglesa.

Fonte:Bezerra, Michelle Falcão. A Competência Linguistico-comunicativa do Aluno de Língua Inglesa. Trabalho de conclusão de curso(graduação) FTB, Brasília, 2004.

Resenha do artigo: A dinâmica da sala de aula

O artigo A Dinâmica da Sala de Aula, do lingüista aplicado N.S Prahbu, discute as quatro dimensões da sala de aula de língua estrangeira. As dimensões se dividem em: a aula quanto unidade de currículo e métodos de operação, as quais podem ser vistas como: aula como gênero pedagógico e como gênero pessoal e social.

Na perspectiva da aula como implementação de um método ensinado, existem dois aspectos relevantes: um conceitual e outro operacional. As teorias de como ocorrem a aprendizagem constituem o aspecto conceitual, enquanto a padronização do que deve feito em sala de aula diz respeito ao operacional. Ao observarmos uma aula de línguas, é possível identificar a teoria que embasa o método utilizado, ou seja, se a abordagem é mais comunicativa ou mais estrutural.

Prahbu descreve a sala de aula de línguas não só como um evento pedagógico, mas como um evento social. Nesse sentido, há uma série de rotinas em que o professor e os alunos desempenham papéis pré-estabelecidos. A ritualização das ações do professor e dos alunos se faz necessária, pois promove um senso de segurança que provém das expectativas comuns ou co-participadas.

Outra importante dimensão da sala de aula é percebê-la como uma arena de interações humanas. Sendo assim, o professor lida com alunos com diferentes maturidades, motivações, medos, inseguranças, alunos acessíveis a empatia ou impenetráveis. Por outro lado, os alunos julgam o professor como sendo hostil ou amigável; tolerante ou vingativo e assim por diante. Todos esses sentimentos interferem na aprendizagem dos alunos, tendo em vista que se a atmosfera da sala de aula for desagradável e tensa, será muito difícil que a aprendizagem se consolide.

O autor sugere que os professores ajam como seus próprios especialistas. O que significa que os professores devem utilizar suas própria noções ou teorias de como a aprendizagem ocorre. Isso acontece durante as experiências de ensino em sala de aula. Criar as próprias teorias de ensino constitui em uma experiência estimulante para o professor.

Prahbu conclui argumentando que o papel dos especialistas de línguas deveria ser explorar caminhos possíveis para capacitar professores a operarem como teóricos, em lugar de sugerirem métodos a serem utilizados como rotinas pré-estabelecidas.

É notório que a abordagem do professor tem uma força infinitamente maior do que o método por ele adotado. O professor por ter o mais completo laboratório de pesquisa, a saber, a sala de aula, é capaz de teorizar e experimentar modos eficazes de ensinar uma língua estrangeira, pois percebe as reais necessidades de seus alunos.

Autora: Michelle Falcão